2018 Por um debate democrático: políticas de saúde e educação intervenientes na subjetividade de pessoas surdas
Por um debate democrático: políticas de saúde e educação intervenientes na subjetividade de pessoas surdas
Aline Lima da Silveira Lage
Celeste Azulay Kelman
Introdução:
Introdução
As pessoas surdas têm sido alvo de muita atenção dos sistemas públicos
de saúde e educacional. No entanto, interrogamos se tais ações têm sido
organizadas visando ao seu desenvolvimento pleno. Por um lado, a língua de
sinais tem ficado mais visível na sociedade, inserida nas escolas,
especialmente nas escolas bilíngues para surdos, propostas a partir do Plano
Nacional de Educação (Lei nº 13005/2014). Paralelamente, há também uma expansão da formação de professores bilíngues e
tradutores. Por outro lado, há o incremento da cirurgia de implante coclear sem
o incentivo de crianças surdas à aquisição de Libras (Língua Brasileira de Sinais).
Portanto, testemunhamos um contexto conturbado no que tange a valorização e o
real reconhecimento da Libras.
Orientadas por Bruner (2001) que enfatiza uma abordagem
cultural aos contextos pesquisados, indagamos: Qual
a relação entre as atuais políticas públicas de saúde e educação voltadas para
surdos? Em que medida expressam visões sobre a natureza da(s) mente(s) e das
subjetividades dos surdos e da(s) cultura(s) na educação brasileira? O que
seriam entendidas como “vidas boas, úteis ou válidas” – provocações de Bruner
(2001) ao debater cultura, mente e educação (p. 24) - nas formas como a surdez
é pensada na contemporaneidade?
Buscamos contribuir para os debates sobre
Educação Inclusiva compartilhando esses questionamentos. Destacamos que eles
revelam diferentes formas de compreender a surdez como um fenômeno humano particular.
Por isso, esse artigo será construído em duas etapas: a primeira trará um
caminho argumentativo contrário ao entendimento da surdez como uma experiência subjetiva
em que falta algo. Em segundo lugar, ao descrever as políticas de saúde e
educação recentes no país enfatizaremos o impacto das mesmas no desenvolvimento
global das pessoas surdas.
LAGE,
Aline Lima da Silveira; KELMAN, C. A. . Por um debate democrático: políticas de
saúde e educação intervenientes na subjetividade de pessoas surdas. In: Celeste
Azulay Kelman; Thabata Fonseca de Oliveira; Simone Almeida. (Org.). Surdez:
comunicação, educação e inclusão. 1ed.Curitiba: Editora CRV, 2018, v. 1, p.
47-64.